21.10.09

A-HA

Li há dias o fim dos A-HA, decretado pelos próprios. Curiosamente, vim a saber, inicialmente, pela boca do Conan O'Brien, numa das das suas inúmeras patetices, desta vez a propósito do (suposto) leque reduzido de singles dos A-HA (ou, por outras palavras, no facto de serem uma one-hit wonder band graças ao «Take on Me»...). Ao que parece, uma recente pancada na cabeça terá tido os seus efeitos no humor do apresentador... não que me sinta «ofendido» pela graça (desde quando alguma coisa ofende membros dos La Plante Mutante?...); a piada é, contudo, incongruente... sim, LA PLANTE MUTANTE não tolera a falta de humor no humor! Acaso já ouviram as nossas piadas? I rest my case...

Ainda mais, porque há coisas de maior relevância em relação ao episódio. O facto de este fim só acontecer daqui a mais de um ano, em Dezembro de 2010, vai permitir aos homens da Noruega embolsarem mais dinheiro na badalada tour final - à maneira dos Delfins, que anunciaram o fim um ano e meio antes...

Nada disso retira mérito aos tipos (refiro-me, obviamente, aos A-HA). Eu, fã confesso da voz do Morten Harket , das composições do Paul Waaktaar-Savoy e até dos arranjos pianescos do Magne Furuholmen, vi nesta notícia uma oportunidade para fazer algo que há muito queria fazer no blog: falar de músicas dos 80s marcantes. Estava a pensar começar a fazê-lo pelos Duran Duran, mas vou esperar até que estes acabem (esperando que o fim não se prolongue por 2 anos, como parece ser moda nos dias de hoje...).

Os A-HA tem o condão de fazer algo que poucas bandas me fazem: utilizar a mesma frase para exprimir duas ideias completamente opostas durante a audição de um álbum. Oiçam o último, «Foot of the Mountain»: se gostarem, como eu, da primeira música, pensarão: «Como é que eles fazem isto?». E depois ouvem a segunda faixa e pensam: «Como é que eles fazem isto?!?!». Mas no sentido oposto.

É verdade (já dizia a Tina...): Não há um único álbum bom, do princípio ao fim, dos A-HA (o «Scroundrel Days» é, para mim, o quase totalista de músicas boas... mas mesmo assim....). A coisa parece correr bem em algumas músicas, mas depois há sempre uma (ou duas, ou três... quando não é o álbum quase todo, como no caso do «Memorial Beach») que estraga tudo. Paradoxalmente, este é o traço que mais me faz admirar a banda: a capacidade de correr riscos. Basta ouvir os arranjos das músicas com atenção: em muitos casos, as canções correm em trapézio... e das duas, uma: ou há um triplo mortal encarpado, ou o trapezista cai na rede...

Nada melhor que música, e não palavras, para o comprovar (res, non verba, já diziam os antigos...). Seguem, abaixo, dez músicas, directamente retiradas do meu leque de preferências e sem nenhuma ordenação particular. A cada uma está associado um link:

- «Hunting High and Low»: A balada das baladas. Mas de arrepiar. Já agora, uma inconfidência: é umas das músicas que faz pele de galinha ao Luigi!
- «The Sun Always Shines on TV»: Um dos exemplos mais perfeitos do que é começar uma música com um pé e acabar noutro. Pelo meio, pode haver alguns tropeções, mas é como vos digo: os tipos arriscam! E num single, coisa que, lamentavelmente, cada vez se faz menos... Ah, e a parte dos manequins no vídeo? Um clássico dos 80s!
- «The Swing of Things»: Uma das preferidas e o melhor refrão de A-HA. E o baterista, c' o cacete... Lamentavelmente, não encontrei nenhum link da versão original, a que aqui disponibilizo não é a melhor.
- «I've Been Losing You»: Chegámos a tocar esta em La Plante Mutante, mas a coisa nunca correu muito bem... aliás, os próprios A-HA fazem versões da música ao vivo, diferentes do original... mas o facto de ser uma «música de estúdio» não lhes tira créditos (é favor ouvir a versão original e não a que aqui se disponibiliza, mais uma vez...)
- «Manhattan Skyline»: Outra retirada do leque de músicas com músicas diferentes dentro. Segundo se conta, a música nasceu, precisamente, do facto de o guitarrista ter uma parte feita e o teclista, a outra. E o puzzle fez-se... O vídeo é muito 80s... e muito bom.
- «Stay on These Roads»: Sim, eu sei... é daquelas que passam na Comercial, Na Renascença e até na Rádio Jumbo (cada vez que vou ao dito hipermercado, ouve-se o refrão épico). Mas é bonita (mais uma vez, a que aqui se apresenta é uma versão).
- «Minor Earth, Major Sky»: A primeira música do álbum que marca o fim do hiato de sete anos.
- «The Sun Never Shone That Day»: Do mesmo álbum que a anterior.
- «Celice»: Do álbum «Analogue». Só prestei atenção à música antes de ontem. Tem uma letra pateta, mas a música é gira.
- «The Bandstand»: A primeira música do último álbum. Isto, sim, é saber fazer synth-pop (ouviram, ó Killers?)

E tenho dito. Ah, e já agora, os La Plante Mutante vão acabar... daqui a uns anos. Mas, para o que der e vier, o melhor é virem já aos nossos concertos. Nunca se sabe se vão ser os últimos...
O Cheff

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